O mundo em transformação traz algumas questões interessantes para debater e refletir.
Tenho conversado com muitas pessoas desde março sobre as mudanças que aconteceram de forma acelerada. Uma das questões que mais tem gerado controvérsias são os relacionamentos.
Uma realidade que existia até o surgimento da pandemia e da adoção em massa do Home Office era a questão da falta de tempo, a famosa frase que ouvíamos muito “eu não tenho tempo”! Levávamos uma vida agitada, de casa para o trabalho, do trabalho para a faculdade e da faculdade para casa!
Muitos saíam antes das 6h00 da manhã de suas casas e só voltavam entre meia noite e uma hora da manhã! Saíam com sua família dormindo, só conversavam por mensagens ou ligação telefônica, Quantos pais de família não se encontraram nessa situação e quase não viam seus filhos crescer, ou sua esposa amadurecer ao seu lado.
Já pensou que doidera!!!!????
Não tínhamos tempo para um jantar em família, para ler aquele livro sugerido, ver aquele filme campeão de bilheteria, tomar aquele café com um grande amigo.
Passávamos cerca de 1h30 no transito ou transporte público, para chegar no serviço e para voltar para casa!!!!!
Vivi muito disso como professor !!!!!!! Nessa realidade maluca via os estudantes, que tinham aquela atividade para entregar, aquele conteúdo para estudar, aquele projeto para apresentar mas quando cobrávamos em sala de aula, ouvíamos:
“- Professor, não consegui entregar hoje pois estava em fechamento do faturamento da empresa e não deu tempo!”
Ou passávamos por isso quando tínhamos cobranças de nosso chefe sobre aquela nova ideia ou novidade! Uma análise de concorrência, e na maioria das vezes respondíamos: – Chefe, não consegui tabular os dados, mas amanhã sem falta te entrego!!!!!!!! Argumento mais dito pelo atraso da tarefa – “Eu não tive tempo!”””
Antes da pandemia, o mundo acelerado, consumista e assoberbado, não deixava sobrar tempo para nada! Estávamos estressados, ansiosos e irritados!!!!!!!
Veio a pandemia e durante todo esse tempo o que mais ouço??????? ” – Tenho tempo mas não consigo ter vontade para nada!!!!!
Com a pandemia . as pessoas tem dito: ” – Olho para o trabalho e não consigo deslanchar!! Vejo o celular e vários amigos me mandando mensagem, e não consigo responder!!!! Fico cansado só de olhar, as 250 mensagens não lidas!”
Nos relatos, é comum escutar:
Na casa, o que tem acontecido? Tenho ficado irritado com qualquer contrariedade!!!!!! Nossa, a TV está alta demais! Esse Jornal só traz notícias tristes! Meus filhos não entendem que preciso trabalhar e ficam querendo brincar comigo! Minha esposa quer que eu vá na feira, no mercado, na quitanda!!!!!!! Digo que não vou pois estamos em quarentena, se eu sair vou me contaminar, cair no hospital lotado, uma vaga na UTI que não sai!!!!!!!!! Esse home office está me deixando a beira de um ataque de nervos!!!!!!
Continuam o relato, dizendo: …….isso sem falar a irritação com o contrato de trabalho reduzido, as contas para pagar, que não param de chegar!!!! Como vou me relacionar com alguém com toda essa irritação e com a autoestima rebaixada! Estou tendo que me reinventar profissionalmente e pessoalmente, me reequilibrar emocionalmente! Me reanimar para puxar uma conversa, fazer uma ligação, tentar ser agradável comigo mesmo e também com as pessoas ao meu redor! Tudo para tentar manter meus relacionamentos mais saudáveis!
Como psicólogo busco por várias fontes de informação para entender “esse novo normal” Alguns casos extremos chegam ao conhecimento, coma as brigas entre vizinhos, discussões e em alguns casos há notícias de violência entre familiarares, amigos e colegas de trabalho.
A tecnologia disponibilizou muitas ferramentas para relacionamento. Acho incrível que existam tantos problemas para as pessoas relacionarem-se de forma saudável, pensando coletivamente e não individualmente!
Acredito que esses serão uns dos maiores desafios da humanidade nessa nova realidade pós-pandemia, conviver harmonicamente em sociedade.
E você? O que tem feito para manter seus relacionamentos saudáveis durante essa pandemia?
Deixe seus comentários, sugestões!
Arnaldo Pereira dos Santos
Psicólogo