RELACIONAMENTOS TÓXICOS

Relacionamentos tóxicos: saiba mais sobre o tema

Janeiro branco é o mês dedicado a prevenção de doenças emocionais e de promover a qualidade de vida. Nada melhor do que abordar sobre o papel dos relacionamentos tóxicos nos desequilíbrios e problemas emocionais.

Sabemos que relacionar-se é uma característica humana, essencial para sobrevivência.

Provavelmente não teríamos sobrevivido ao longo do tempo se não tivéssemos essa característica inerente à raça humana.

Somos fisicamente mais frágeis que inúmeras espécies animais.

Se não tivéssemos a união para sobreviver, não chegaríamos até os dias atuais.

O relacionamento evoluiu com a evolução da raça humana.

Nossas primeiras experiências com relacionamentos surgiram no seio da família, passa pelos bancos escolares, solidifica com o trabalho e por aí vai ao longo da vida.

A habilidade de relacionar-se necessita de outra habilidade que desenvolvemos com o tempo, a habilidade da comunicação.

Comunicar-se bem ajuda na construção de relacionamentos.

Na infância, nosso relacionamento com os pais passa pelo aprendizado da comunicação.

Inicialmente é um choro, um sorriso, um grito de dor, tudo para chamar a atenção de quem cuida da gente, seja para alimentar-se, trocas as fraldas, receber carinho.

Esses laços construídos na infância prolongam-se pelo resto da vida.

Vínculo sólido, genuíno que é o alicerce para grande parte dos indivíduos.

Quando chega a fase de frequentar a escola somo submetidos a novas experiências com relacionamentos.

Surgem as figuras dos professores, dos amiguinhos, dos pais dos amiguinhos. Desenvolvemos a partir daí a capacidade do convívio social.

Confrontamos aquilo que nossos pais ensinaram, com o que a sociedade pratica.

E por aí vai até a adolescência, fase em que muitos começam também a trabalhar, fazer estágios, profissionalizar-se para futuramente conseguir o sustento para a geração de novas famílias, novas crianças, que garantirão o ciclo da vida.

Só que nesse meio está a formação da personalidade, do caráter, da ética, das competências do indivíduo.

Começamos a confrontar nossos interesses com outros interesses, começamos a usar do poder, da persuasão, da negociação, da imposição, da política.

Começam aí questões que geram muitos conflitos, muito desgaste, inclusive transtornos de personalidade. Essas interferências na vida cotidiana muitas vezes provocam sofrimento, cicatrizes, sequelas, geram angústias difíceis de solucionar sem uma ajuda especializada.

Na fase familiar é passado o valor de que o ser humano precisa criar sua família, seus filhos, construir um lar ideal, que lhe traga felicidade.

E o ser humano vai em busca desse relacionamento.

Experimenta a convivência a dois, que muito prazer lhe traz.

Porém desse relacionamento também surge dependência emocional, pressão, cobrança, implicância, opressão.

Normalmente provocada pela parte que tem em suas características o individualismo, o egoísmo, a agressividade, a sedução, o sentimento de posse sobre o outro, sem falar do oportunismo em tirar proveito da situação.

O relacionamento que tinha como objetivo a felicidade, transforma-se num relacionamento tóxico, perverso, muitas vezes sádico.

Da mesma forma as relações profissionais.

Somos contratados numa empresa para seguir uma carreira, conquistar objetivos e metas, realizar um sonho, ter poder e visibilidade.

Só que outras pessoas também desejam tudo isso.

E a vida profissional vai afunilando os relacionamentos.

Com isso começam as competições, as intrigas, os conflitos, a politicagem!

Tudo para que esse destaque promova alguém, dê os louros da vitória a alguém.

Essas relações profissionais não são muito justas, causam decepções e frustrações. Provocam ira e mágoas.

Os relacionamentos começam a ser desviantes, superficiais, interesseiros.

Começam a surgir questões que no meio organizacional chamam de “puxa-saco”, de “X9”, informantes.

Os relacionamentos já não são mais sinceros, predominam o “toma lá da cá”, “dando que se recebe”, negociações e negociatas.

Surgem os grupinhos do poder, surgem questões ligadas a favorecimento e indicações, tudo predominando à capacidade, desempenho e produtividade.

Toda essa descrição para falar dos relacionamentos tóxicos.

Eles aumentaram na pandemia, a crise sanitária e econômica fez com que as pessoas deteriorassem seus relacionamentos familiares, profissionais, afetivos de uma maneira assustadora.

Assédio moral, assédio sexual, humilhações, manifestação gratuita de poder são tornadas públicas a cada dia.

Para não falar de agressões físicas que também vieram à tona contra mulheres, LGBT+, crianças, animais.

Temos uma crise de relacionamentos em andamento.

Diferenças de personalidade, irritação, desespero, perda da razão.

Mas essas são as manifestações extremas!

Elas surgem de uma elevação de voz, uma crítica severa, uma piada de mau gosto, um xingamento, um pequeno tapa.

Que é relevado, que é tolerado na esperança de ser um destempero momentâneo, um comentário do tipo “ahh esse é o jeito dele, não liga não, vai passar!!!!!”.

Porém não passa!

O relacionamento tóxico é encoberto por nós em razão de ter um sentimento envolvido, uma esperança que temos de melhora, uma dependência que criamos em relação à pessoa tóxica.

Mas porque isso acontece?

Esse envolvimento, essa dependência, essa tolerância!!!

Cada caso é um caso, pode passar pela carência, pode passar pelo estilo de personalidade, pode passar pelas experiências vividas na infância com pais tóxicos!

Mas é preciso um basta, uma atitude de reagir a essa situação, para que nossa saúde física e mental seja restabelecida, retomada, resgatada.

Talvez não exista uma receita, uma fórmula para que essa questão seja de vez resolvida!

Porém é inegável que amor próprio, autoestima elevada, reconhecimento do nosso valor e do nosso potencial, poderão ser importantes formas de blindar contra os relacionamentos tóxicos, abusivos e sufocantes, que tiram nosso brilho e nossa energia.

Espero que o texto tenha trazido uma reflexão sobre o tema, tão importante para nossa sequência de evolução e desenvolvimento físico, emocional e social.

Interessou-se pelo tema, quer compreender um pouco mais sobre os conflitos nos relacionamentos? Assista o vídeo que preparei sobre o tema.

Link do vídeo:https://youtu.be/iZq0ggaYy-o

Arnaldo Pereira dos Santos

Psicólogo

3 Razões para você buscar uma psicoterapia

Nesse mês de janeiro foi reeditada a Campanha Janeiro Branco, para estimular o cuidado com a Saúde Mental.

Escrevo o artigo como contribuição para que cada vez mais a prevenção seja a melhor maneira de cuidar da Saúde Mental.

A vida tem exigido a superação de desafios diários de todos nós!

E ultimamente esses desafios tem exigido o consumo de muita energia, que em algumas vezes nem sabemos de onde tirar.

E olha que algumas dessas coisas tem sido aparentemente mais fáceis, e mesmo assim temos a sensação que “o negócio tá difícil”!!

Tenho visto que muita gente tem culpado a pandemia da COVID-19 para os problemas na saúde mental.

Afinal ela impôs isolamento social, home office, ensino à distância, quarentena e muitas outras mudanças que ainda estamos nos adaptando.

Percebo que para algumas pessoas essas dificuldades e desafios tem sido mais desgastante do que para outras.

Entre as pessoas que melhor se adaptaram estão aquelas que já tinham uma vida mais estruturada, melhor domínio das tecnologias e uma certa autonomia em sua forma de viver.

Para aquelas que estão com dificuldades de adaptação, o desgaste físico e emocional está elevado, e quando há algum problema ou situação fora da rotina as pessoas estão sem paciência e irritadas.

Isso me leva a crer que precisamos redobrar nossos cuidados para que essa dificuldade não atrapalhe nossa vida cotidiana.

Para muitos redobrar o cuidado pode resolver o problema, pode trazer certo bem estar e tranquilidade, porém com vigilância e atenção constante.

Para outros, a ajuda externa torna-se necessária e urgente, sob pena do indivíduo não dar conta e desenvolver psicopatologias incapacitantes e sofrimento psíquico.

Para essa pessoas penso que a psicoterapia pode ser uma maneira de restaurar o equilíbrio, aliviar o sofrimento e também retornar ao convívio saudável, a harmonia consigo mesmo, com seus familiares, amigos e colegas de trabalho.

No dia a dia, muitas vezes estamos tão envolvidos com nossas atividades que não conseguimos nos observar, nos perceber, entender que estamos precisando de ajuda.

Como psicólogo clínico costumo alertar sobre alguns sinais que começam a surgir e que precisamos avaliar com muita atenção para que, em caso de necessidade, solicitemos ajuda especializada.

A necessidade de psicoterapia pode surgir quando o indivíduo não consegue dar conta de alguns aspectos da sua vida, começa a ter sofrimento psíquico e tem sua rotina afetada severamente. Pode surgir esse tipo de dificuldade em razão de:

– Dificuldades no relacionamento com amigos e familiares

– Sensação de esgotamento físico e mental prolongado

– Dificuldades de cumprir tarefas de sua rotina por determinado período de tempo

Espero que nossa rotina volte gradualmente à normalidade, que logo voltemos a conviver com as pessoas queridas de nossas vida e que o trabalho volte a ter a importância e significado que sempre teve em nossas vidas de forma equilibrada e prazerosa.

Desejo saúde!

Arnaldo Pereira dos Santos

Psicologo

O TRABALHO E A SAÚDE MENTAL

O trabalho tem um papel fundamental na vida do indivíduo. Ao longo dos séculos ele foi se transformando.
Saiu de um trabalho artesanal e basicamente rural utilizado no próprio sustento. Transformou em um trabalho de produção em massa, organizado em linha de produção! Se antes ele via o produto de seu trabalho, como um objeto artesanal ou um fruto do seu pomar, com o trabalho em linha de produção ele vê fragmentado, em partes.
Se pesquisarmos o trabalho ao longo dos séculos veremos que a produção começou a se organizar, a empresa passou a alguém a mandar no trabalhador e ele precisou começar a respeitar a hierarquia. Surgiram os encarregados, chefes, gerentes.
Com essa evolução, os trabalhadores começaram a ter maiores cobranças. Cobrança pelos resultados, pela disciplina, pela obediência.
A relação com o trabalho ficou mais complexa. O trabalho evoluiu de braçal para intelectual, passou de uma forma mecânica de realizar a tarefa para forma tecnológica e avançada. Deixou de ser realizado na própria empresa para ser realizado num home office, no nosso escritório, em casa.
No Home Office pode ser executado no cômodo do escritório, no laptop, ou no próprio celular.
A empresa também mudou. Agora pode ser empresa virtual, microempresa, grande empresa ou empresa multinacional.
O trabalhador atual também mudou. Pode ser um empregado, pode ser autônomo/frelancer, pode ser um microempreendedor individual – MEI.
Esse conjunto de transformações no mercado de trabalho, apoiado no avanço tecnológico trouxe novas profissões, modernizou outras e extinguiu várias outras profissões. Atualmente podemos ter entregadores utilizando bicicleta para entregar alimentos acionados por aplicativo, podemos ter motoristas vinculados a aplicativo para atender passageiros que precisam deslocar para várias partes da cidade.
Os escritórios agora podem ser nas nossas casas, num cômodo, numa mesa, ou simplesmente no celular do trabalhador.
Com tanta evolução, o trabalho começou a ocupar cada vez mais espaços da vida pessoal do indivíduo. Está difícil ter equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional. Agora por diversos motivos o indivíduo avança em longas horas dedicadas ao trabalho perdendo horas de sono e convívio social ou familiar, presta serviço em vários trabalhos diferentes, com inúmeros compromissos e responsabilidades.
Tanta pressão está trazendo sérias dificuldades para o indivíduo. Aquele que é assalariado, vinculado em uma empresa, pode ter apoio dela para melhorar sua qualidade de vida. A empresa pode dar condições de descanso, conforto, apoio psicológico, financeiro e de benefícios sociais.
O indivíduo que não está vinculado a uma empresa pode ter um desamparo que pode se agravar ao longo do tempo. A perda da qualidade de vida pode provocar estresse, Bournout, depressão, fobia, pânico entre outras doenças psíquicas oportunistas.
Portanto o mês de janeiro, com a campanha JANEIRO BRANCO pode ser um alerta aos trabalhadores para cuidar de sua saúde mental, cuidar da prevenção de possíveis patologias que podem surgir de um excesso de tempo dedicado a suas obrigações profissionais.
Precisamos perceber que nossa relação com o trabalho precisa ser saudável, precisa ser vantajosa para ambas as partes. Perceber quando está iniciando uma cobrança acima do normal da parte de seus superiores. Ficar atento aos abusos em relação a alguns superiores que praticam assédio moral, que desrespeitam você como pessoa, como alguém que não é máquina, que está sujeito a falhas, que tem limites, que tem família.
Os gestores precisam utilizar mais sua inteligência emocional, desenvolver sua capacidade de relacionamento interpessoal. Ser responsável por pessoas e empresas requer autoconhecimento para também entender seus limites. Muito comum entre gerentes o surgimento do Bournout, desenvolvimento de estresse, e em alguns casos a depressão.
Essas informações também podem ser aplicadas ao profissional liberal. Alguns cuidados para exercer sua profissão: Planejar suas tarefas, organizar seu tempo, controlar suas finanças para não prolongar demais sua jornada de trabalho. Enfim prevenir possíveis problemas ligados a saúde mental.
Portanto todas as partes envolvidas, empresas e empregados, trabalhadores autônomos, microempresários, precisam conscientizar-se de que cuidar da saúde mental trará mais bem-estar, maior qualidade de vida no trabalho, menos afastamentos ocasionados por problemas psíquicos, menor rotatividade, maior satisfação no trabalho.
Aproveite esse mês para pensar nessas questões. Reavalie sua relação com sua profissão, com suas tarefas, com o ambiente de trabalho.
Fico por aqui desejando que você aumente seus cuidados com sua saúde mental, com sua qualidade de vida.
Um forte abraço,
Professor Arnaldo Pereira dos Santos
Psicólogo e Coach