Relacionamentos no ambiente de trabalho

Como professor do curso de administração já tenho mais de 15 anos lecionando, fora uma vivência de mais de 20 anos no meio empresarial ocupando cargos de destaque nas organizações por onde passei. Posso afirmar que o ambiente de trabalho é desafiador quando se fala em relacionamentos interpessoais.

Quando ingressamos na empresa, o ambiente já está posto, o trabalho sendo realizado e as equipes montadas.

Apesar das empresas já terem treinamentos formatados como a “Semana Interna de Integração do Empregado”, para ambientá-lo no ambiente profissional, o desafio é grande

Quando chegamos no departamento onde vamos trabalhar, nossa presença como novo funcionário é comparável, nas devidas proporções, à presença de um “objeto externo dentro do nosso organismo, e a tendência é rejeição, resistência é imediata.

Somos apresentados, ouvimos muitos: “Seja bem vindo”, mas o que podemos perceber é que existe uma sensação de insegurança no ar. Muitas vezes nossa contratação não é informada para a equipe, e chegamos nós, de supetão, no ambiente de trabalho. Somos direcionados para nossa mesa com um computador, e lá ficamos aguardando instruções para começar a trabalhar.

E essas instruções não chegam, o tempo vai passando e ficamos ali, “de braços cruzados”.

Chega a hora do almoço, e um a um os empregados do setor vão saindo para o almoço. Até que um dos funcionários, mais extrovertido, mais comunicativo, nos convida para almoçar.

Chega-se a passar uma semana sem ter uma tarefa definida, uma rotina. No meu caso carimbei, fiz arquivo, organizei papéis, tirei cópias de documentos, e até mesmo fui pagar conta de um colega num banco próximo ao trabalho. Mas nada de me passarem as tarefas pelas quais fui contratado.

E dessa forma, meio a “trancos e barrancos” numa linguagem dita por meus pais no passado, começamos a nos relacionar. Nada muito estruturado, mais casual, corriqueiro, assuntos como futebol, novela, política, coisas da vida cotidiana.

Esse período é tenso, desgastante, mas desafiador, pois precisamos de muito equilíbrio emocional, resiliência, perseverança e persistência para seguir em frente e não pegar nossas coisas e ir embora, não voltar nunca mais no setor, na empresa.

O tempo vai passando, nos soltamos, ficamos perto daqueles que temos mais afinidades, mais simpatia e que, de uma certa forma, fizeram alianças conosco.

Pode-se dizer que é um embrião da chamada “panela” do departamento. São aquelas equipes fechadas, coesas, cumplices que são formadas para sobreviver no ambiente empresarial.

Em razão das alianças formadas, não agradamos ao restante das equipes, que começam a disputar poder e espaço dentro do departamento, da empresa. E essa competição que teria tudo para ser saudável, produtiva e levasse a enormes conquistas, é explorada muitas vezes de forma negativa, de maneira perniciosa ao ambiente organizacional, levando por vezes a quebra da ética, da boa convivência, levando a sabotagens,                     ” puxadas de tapete” e até mesmo desenvolvimento de comportamentos como fofoca, intrigas, bajulação, falsidade e hipocrisia.

Nossos superiores, que tem como missão fazer a Gestão do Clima Organizacional, de manter os colaboradores motivados, envolvidos e comprometidos, tem também essa missão de controlar o ímpeto e a competição entre os colaboradores, num nível aceitável e tolerável, para uma boa convivência profissional. Começamos a perceber que mesmo não gostando do indivíduo, trabalhamos ao lado dele, portanto, dependemos dele. Então simplesmente toleramos e mantemos o ritmo do trabalho no seu fluxo.

Porém esses relacionamentos por vezes nos esgotam e em razão disso precisamos cada vez mais da nossa capacidade emocional, da nossa inteligência emocional. É essa capacidade que não nos deixará ficar estressados, angustiados e depressivos,

E olha que relacionamento em empresa dá casamento, batizado, amigos para a vida toda, mas também nos dá dores de cabeça, estresse e raiva. Precisamos lidar com tudo isso!!!

Mas então qual o segredo?

Minha experiência e visão sobre essa questão sugere:

– Seja observador, ouça, escute o que o ambiente está te dizendo;

– Compreenda que cada pessoa tem seu estilo de personalidade, humor e temperamento. Compreendendo essas diferenças você ajustará suas expectativas e flexibilizará a maneira de se relacionar com cada indivíduo;

– Perceba que todos tem seus objetivos, e eles são diferentes dos seus. Porém na empresa é necessário harmonizar e alinhar esses objetivos com o da empresa onde trabalha. Se isso não for feito você pode passar por sérias dificuldades, e até mesmo perder o emprego.

– Já abordei no texto, você pode não gostar da pessoa, é um direito seu. Mas respeite e acate o jeito dela. Conviva de modo que o trabalho e as tarefas sejam entregues com qualidade.

– Faça a sua parte, colabore para o bem da equipe, perceba como pode contribuir para que os resultados sejam bons.

E no mais, compreenda que a empresa é um organismo dinâmico, sujeito a mudanças, e a mudança é saudável. No mundo em que vivemos estamos passando por uma reestruturação produtiva, proporcionada pela tecnologia, pela chamada Economia 4.0 .

Cada vez mais competências como flexibilidade, relacionamento interpessoal, trabalho em equipe e liderança serão valorizadas e consideradas um diferencial do empregado.

 

Professor Arnaldo Pereira dos Santos

Psicólogo e Coach

 

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